A desigualdade e a discriminação das mulheres, hoje
- sofia.terpstra27
- 20 de fev. de 2021
- 9 min de leitura
Atualizado: 12 de mai. de 2021
1. Introdução:
A maioria das pessoas considera o respeito pelos direitos da mulher como um propósito alcançado. Atualmente, qualquer mulher pode ser diretora de um jornal, reitora de uma universidade, secretária de um partido político e até primeira-ministra. Também sabemos que é ilegal discriminar nas práticas laborais e que as violações, o assédio sexual e os maus tratos são crimes puníveis. No entanto, as mulheres ainda têm dificuldade em chegar ao topo e encontram múltiplos obstáculos quando querem atingir uma posição de destaque. O Estado não tem os recursos necessários para a supervisão de todos os quadros profissionais, e, assim, tornar a discriminação ilegal não é forma de assegurar que ela não acontecerá e que a violência sexual continua a ser uma constante que afeta as mulheres e não se esbate com os anos.
Portanto, é verdade que a igualdade da mulher deu um grande passo em frente, mas também é indiscutível que a identidade alcançada é insuficiente. Devemos reconhecer os direitos das mulheres como direitos humanos e compreender que a humanidade e a sociedade consistem em dois sexos, ambos indispensáveis
para a sua manutenção e desenvolvimento.
Resolvi, por isso, desenvolver este tema, mostrando os aspetos contemporâneos mais importantes, face à subsistência desta desigualdade e focar-me no tópico que considero mais incompreensível. Assinalei, deste modo, alguns pontos que pretendo abordar de uma forma geral e outros que tenciono especificar ainda mais. Tenho o objetivo de incidir mais no facto da desigualdade salarial entre homens e mulheres, assim como nas oportunidades no trabalho, mas também refletir um pouco sobre as suas dificuldades sociais e políticas. Dentro do tópico das atividades económicas e do emprego, quero destacar a desigualdade salarial entre homens e mulheres em Portugal. Também pretendo apontar este tópico num contexto europeu e mundial.
É certo que homem e mulher são dois seres humanos de diferentes géneros e que existe um conjunto de diferenças nas suas condições fisiológicas e psicológicas. Porém, esses estas características não legitimam a desigualdade social, política ou económica que, ainda hoje, existe entre ambos. Lutar pela igualdade de género é mais do que um objetivo, é um dever de todos nós!

2. Quadro de Referência Teórico:
Crescemos a ouvir dizer que somos todos iguais, mas não somos. Tal como não somos melhores nem piores do que ninguém. Existem dois conceitos muito importantes que devem ser compreendidos e distinguidos. Quando nos referimos a género, estamos a falar de uma coisa diferente de sexo. Chama-se género à masculinidade ou à feminilidade convencionadas socialmente, em contraste com o sexo que é o termo usado para designar as diferenças biológicas e fisiológicas entre homens e mulheres. O sexo é dado, construído biológica e fisiologicamente na dualidade, complementaridade e oposição. O género é construído, apresentando-se como a determinação simbólica do modo como o sexo se encara e se vive numa dada cultura. Portanto, existem diferenças entre homens e mulheres, fisiológica e biologicamente, interferindo e relacionando-se, de certa forma, com o modo como vivemos. Contudo, não há razão para que uma aceitação de que existem estas diferenças deva implicar que as mulheres são mais frágeis ou vulneráveis.
Na atualidade, existem vários aspetos que mostram a subsistência de uma injusta desigualdade entre os géneros. Por exemplo, as mulheres continuam a suportar a inferioridade do seu género na vida doméstica, nos cuidados aos filhos, aos idosos e aos doentes. As constantes violações, assédio sexual e os maus tratos mostram que, de facto, a mulher continua a ser vista mais como objeto do que como sujeito, mais como um meio do que um fim em si mesmo. Existe, também, uma grande desigualdade salarial entre homens e mulheres para o mesmo trabalho e uma dificuldade, para a mulher, em chegar ao topo, como mencionarei mais à frente. Portanto, embora haja um avanço nos reconhecimento dos direitos das mulheres, existe ainda bastante discriminação negativa e desigualdade de género. Descriminação que se intensifica em determinados contextos culturais onde predomina o monoculturalismo ou a entrada de ideias inovadoras ou contemporâneas. Nestes casos, a cultura instituída apresenta-se como um sério bloqueador da liberdade e do direito das mulheres à emancipação e ao reconhecimento social. A cultura implica valores e os valores, ao identificarem uma cultura e as suas particularidades, não se modifica com a facilidade com que se constroem as leis. A cultura avança com os valores e estes com o dinamismo e a abertura das sociedades. A Índia, por exemplo, continuam a ter diversas situações de desigualdade de género e desrespeito pelas mulheres, apesar dos enormes progressos alcançados pela Lei contra a Violência Doméstica e que proíbe qualquer tipo de violência contra mulheres e raparigas.
As mulheres, e de modo particular as que habitam no mundo ocidental, e dentro deste, no continente europeu, deixaram de ser um elemento secundário e contribuem cada vez mais para o desenvolvimento da sociedade. Atualmente, têm a possibilidade de estudarem e trabalharem em áreas que promovem este desenvolvimento. Investir na igualdade de género é promover sociedades e economicamente mais desenvolvidas e socialmente mais justas. Porém, destaque-se que, mesmo numa sociedade mais aberta como a sociedade e cultura europeias, persistem etnias que mantém valores muito específicos e que não reconhecem à mulher os mesmos direitos que a lei defende e em que, por exemplo, o casamento se mantém por conveniência e acordo entre os pais e a educação não é bem vista para as mulheres quando estas atingem a adolescência. Nestas micro culturas, a desvalorização da mulher é superior e a família é predominantemente dirigida pelo elemento masculino.
No que refere ao trabalho, tanto em Portugal como em grande parte dos países ocidentais, embora haja cada vez mais oportunidades, existem, no entanto, dados estatísticos, quer nacionais, quer internacionais, que demonstram que continuam a existir discriminações e desigualdades complexas e persistentes no mercado de trabalho entre homens e mulheres. Frequentemente, as mulheres ganham menos que os homens para fazer trabalho igual ou de valor igual. As mulheres auferem em média menos 16,7% do que os homens, no que se refere à remuneração mensal base, mas a diferença salarial é ainda mais acentuada quando se considera o ganho médio mensal. As disparidades salariais entre homens e mulheres continuam a verificar-se em todos os países da União Europeia, com um intervalo de 21 pontos percentuais entre os países que registam o maior e o menor nível de desigualdade salarial, oscilando entre os 26,9% na Estónia e os 5,5% no Luxemburgo e na Itália.
Quanto às posições de chefia, as mulheres embora tenham toda a legitimidade de ser, por exemplo, Presidentes da República ou primeiras ministras, são facilmente estereotipadas e discriminadas, uma vez que quando alguém não se sente incluído num certo grupo, tende a afastar-se dele. Isto é o que acontece quando as mulheres se encontram numa situação em que não são bem-vindas.
Penso que também seja determinante abordar a questão do ativismo feminismo e a sua origem. Ora, os feminismos são movimentos que lutam pela promoção dos direitos humanos das mulheres e pela igualdade nas mais diversas esferas das vidas. A chamada primeira onda do feminismo, ocorreu no final do século XIX, e tinha como principal reivindicação o direito ao voto feminino. Emmeline Pankhurst é um exemplo de uma ativista britânica que lutou pelos direitos das mulheres e em 1889, fundou a liga das mulheres sufragistas, que fazia campanha a favor do direito das mulheres.

Tese e argumentos:
Tese: As mulheres não devem ser discriminadas por serem diferentes.
Fundamentação da tese adotada: Eu defendo que as mulheres não devem ser discriminadas, apenas por terem características biológicas e fisiológicas diferentes das dos homens. Existem muitas mulheres que, com essas particularidades, impulsionaram o desenvolvimento e contribuíram para uma sociedade melhor. E embora na atualidade continuem a haver quem tenha o atrevimento de defender que a mulher é inferior ao homem, ainda parece haver essa mentalidade, nomeadamente em sociedades, culturas ou famílias mais tradicionais, onde há vários estudos que comprovam, por exemplo, a desigualdade salarial para igual trabalho. Além disto, as mulheres também encontram bastantes dificuldades em atingir uma posição de destaque ou poder, tendo em conta que são confrontadas e discriminadas com a ideia de que não têm o carácter ou temperamento para dominar.
Um dos principais argumentos contra a igualdade de direitos entre os géneros é o argumento de que a mulher tem um cérebro mais pequeno do que o homem e de que é menos desenvolvida noutros aspetos (como a força física) sendo que, por conseguinte, a sua inferioridade está provada. Outro argumento contra a igualdade entre os géneros é o facto de a mulher não ter o carácter necessário, como tem um homem, para adquirir uma posição de chefia, uma vez que é necessário um temperamento mais rigoroso e inflexível, e não frágil e emotivo, como o que, habitualmente, é atribuído a uma mulher. As mulheres ganham menos do que os homens, uma vez que, a maioria escolhe áreas de trabalho mal remuneradas. Porque é que as mulheres não optam tanto por profissões como a engenharia?
Argumentos a favor: Embora seja verdade que, física e biologicamente, a mulher, por norma, não tenha tantas capacidades (o que não quer dizer que não possa desenvolver estas características se assim o desejar), isso não significa que forneça alguma causa para a desigualdade social ou política entre as mulheres e os homens ou que não sejam capazes de impulsionar o desenvolvimento e contribuição para a qualidade de vida das pessoas. Além disso, foram feitos estudos acerca do cérebro da mulher e sabe-se que, embora seja mais pequeno do que o do homem, apresenta várias partes muito mais desenvolvidas, só que compactadas num espaço menor. Não devemos uniformizar as mulheres, julgando-as frágeis, fúteis, sensíveis ou submissas. Todas as pessoas podem desenvolver capacidades e tornarem-se boas no que pretenderem. Devemos, então, dar a oportunidade às mulheres para exercerem cargos de poder e não discriminá-las. O facto de as mulheres não optarem por áreas de trabalho mais árduas, deve-se à forma como são estereotipadas quando exercem este tipo de atividades. Geralmente, quando alguém não se sente incluído num certo grupo, tende a afastar-se dele. Isto é o que acontece quando as mulheres se encontram numa situação em que não são bem-vindas.
Sugestões para resolver o problema em estudo: a) Demonstrar que em todo o mundo, as mulheres ganham menos do que os homens, para desempenharem o mesmo trabalho. E que caso se mantenha o ritmo atual, só dentro de 80 anos homens e mulheres terão as mesmas oportunidades de trabalho e os mesmos salários. Por exemplo, em Portugal, as mulheres auferem em média menos 16,7% do que os homens, no que se refere à remuneração mensal base, mas a diferença salarial é ainda mais acentuada quando se considera o ganho médio mensal. b) As mulheres são impulsionadoras do desenvolvimento e têm capacidades e mentalidade para contribuírem para o desenvolvimento de qualquer setor na sociedade. Existiram muitas mulheres, como Margaret Hamilton que permitiu que Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisassem solo lunar, durante a missão Apollo 11, da Nasa. E também a almirante Grace Hopper esteve na linha da frente para saber mexer no então supercomputador eletromecânico Harvard Mark I. c) Quanto ao estudo do cérebro da mulher, os cientistas descobriram que, em média, o cérebro dos homens é maior, porém, o das mulheres tem sub-regiões do córtex maiores. Esta parte maior está associada à memória, aos sentidos, à aprendizagem e à tomada de decisões.
3. Considerações finais:
O trabalho que decidi desenvolver, baseou-se em demonstrar a posição da mulher na sociedade contemporânea, e de que modo ainda poderia ser uma posição desvalorizada e inferiorizada. É também importante referir que com a atividade pretendi mudar um pouco a perspetiva dos leitores, mostrando de que modo há desigualdade entre géneros.
Os objetivos traçados na introdução do trabalho foram principalmente dois. O primeiro correspondia ao tópico da desigualdade salarial entre homens e mulheres, assim como nas oportunidades no trabalho. Depois, analisaria essa desigualdade, tanto em Portugal, como no resto do mundo. Já o segundo objetivo tinha como tópico abordar as dificuldades sociais e também políticas da mulher. No primeiro caso, concluiu-se que em Portugal e em outros países ocidentais, embora haja cada vez mais oportunidades, continua a existir discriminações e desigualdades no mercado de trabalho. Vários dados estatísticos puderam confirmar esta afirmação. No segundo caso, pude concluir que embora haja uma grande melhoria em relação à identidade da mulher, ainda existe discriminação e, muitas vezes, são lhes dados trabalhos e posições desfavoráveis.
Quanto às potencialidades e limitações deste projeto, gostaria de começar por aquilo que considerei um ponto positivo. Após toda a análise do texto, considero que os principais domínios alcançados residiram na elaboração e pesquisa de factos relacionados com a temática. Contudo, não a aprofundei o suficiente de modo a fazer uma conexão bem fundamentada com a filosofia.
Para finalizar, aquilo que aprendi com este trabalho foi principalmente uma noção mais pormenorizada daquilo que já conhecia antes. Antes de me debruçar sobre este assunto, tinha uma ideia, embora geral e mais vaga, de que atualmente não eramos completamente justos em termos de igualdade de género. Assim, com este trabalho pude compreender com maior rigor a triste verdade desta discriminação entre homens e mulheres.
“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre”, Simone de Beauvoir
Sofia Terpstra nº20 11ºCT3

Feedback QRT: As imagens não têm legenda
Acrescentei algumas reflexões filosóficas que vão a roxo. Se concordarem com elas coloquem-nas a preto.
Preciso de mais argumentos a favor da sua tese.... não deve ser difícil encontrá-los
Antes de avançar para a conclusão, reveja as sugestões de resolução do problema.... penso que pode fazer melhor...
Depois temos de ver como vamos colocar mais filosofia neste ensaio.... encontra muita informação que pode dar mais qualidade ao seu trabalho aqui: https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5612.pdf
Feedback Qualitativo:
Introdução: ***
QRT+ Tese: ****
Sofia: Tema oportuno e atual; A autora revela desde o inicio a sua posição crítica perante este; o Post revela problemas de formatação; as imagens não têm legenda; Por vezes falta a possibilidade do contraditório o que pode levar a situação extremismo e de falta de imparcialidade; O QRT é amplo mas falta uma abordagem filosófica do tema; A maior fragilidade deste ensaio é a falta de uma abordagem filosófica ao tema o que faz com que este pudesse ser aplicado a qualquer disciplina. Não é o caso uma vez que este está a ser avaliado em filosofia. [Carlos Gaspar]
Ao ver os temas de alguns dos ensaios, decidimos comentar este, uma vez que este toca num tema que nos chama a atenção. Consideramos um tema interessante de uma máxima importância que deve ser debatido, pois a desigualdade de género e interiorização das mulheres é um problema que já existe desde há muito tempo e que por mais protestos e mudanças de mentalidade ele continua presente no nosso dia-a-dia. Depois da leitura do ensaio dividimos as críticas por pontos positivos e pontos negativos.
Como pontos positivos temos uma boa estruturação do texto e uma linguagem clara e direta, além de nos enquadrar de forma atualizada no assunto. Outro fator que melhora o trabalho é a utilização de exemplos, tanto de…
Relativamente à escolha do trabalho, penso que é sempre uma boa escolha, pois é nosso dever referir e pressionar a sociedade para que a descriminação e a desigualdade das mulheres termine de uma vez por todas, já que sabemos que este assunto permanecerá por muito mais tempo.
Acerca do trabalho que já foi redigido, penso que até agora as ideias estão bem formuladas, claras e rigorosas, porém, penso que poderias explorar/aprofundar mais a tua opinião relativamente a este tópico, ou seja, do que é que isto causa à nossa evolução, ao impacto mental e psicológico que afeta a mulher, entre outros.
Na minha opinião, deverias também fazer a ligação entre os conteúdos apresentados e alguns filósofos, nomeadamente John Rawls, uma…