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O que realmente é ético?

Atualizado: 22 de abr. de 2021

Introdução:

A pergunta “o que é ética?” acompanha a vida dos seres humanos. Não é frequente vermos nas notícias ou na internet, pessoas a debaterem acerca do que realmente é ser ético, bem como da dimensão que este conceito filosófico nuclear assume no mundo contemporâneo. Escolhi este tema porque sou uma das pessoas que se perguntam sobre o verdadeiro significado deste conceito e o porquê de este não poder ser considerado algo universal.

Alguns pensadores defendem que a ética é um conjunto de noções distintas que correspondem à reflexão teórica sobre as razões que consideramos válidas. Logo eu, como pensadora, acredito que cada conceção de "ética" deve ser aplicada de modo universal, com o objetivo de alcançar a harmonia, a paz e a felicidade individual e social. Deste modo, podemos debruçarmo-nos sobre um problema teórico da filosofia não esquecendo que cada ato bom e justo depende de de uma série de variáveis, tais como a religião, a cultura e/ou os valores.

Com este ensaio pretendo mostrar que, na minha perspetiva, a ética deveria ser universalmente usada, independentemente de cada religião ou pessoa. Neste sentido, algumas questões se colocam no caminho da nossa reflexão: Será ético mentir? E a prática do racismo? Ou até mesmo da pedofilia? Na minha perspetiva, estas e outras práticas que, de algum modo, são contra os princípios éticos, não deveriam ser consideradas corretas. Mas eu tenho a consciência de que esta visão pode variar de pessoa para pessoa. Cada intenção ou norma deve estar ligada à liberdade moral para assim conseguirmos uma ação moral universalmente correta.

Sabendo o que é correto universalmente sei também o que deveria ser eticamente correto e permissível ao outro, uma vez que a liberdade individual termina onde começa a liberdade social. Acredito que ao longo do tempo, como ser humano possa aprender a respeitar e a agir corretamente respeitando os princípios éticos universais.



Quadro de Desenvolvimento Teórico: A ética está ligada à ação das pessoas e é aquilo que define quais das ações podem ser consideradas corretas ou incorretas, definindo o que é o certo e o errado. Assim, enquadra-se na problemática dos valores. Ética é também uma área da filosofia (axiologia) que procura problematizar as questões relativas aos costumes e à moral de uma sociedade, sem recorrer ao senso comum. Esta disciplina filosófica tenta estabelecer, de maneira moderada e com uma visão questionadora, o que é o certo e o errado e a linha, muitas vezes tênue, entre o bem e o mal. Por seu lado, a moral representa os hábitos e costumes de uma sociedade, enquanto ética é um comportamento moral individual racionalizado e uma espécie de filosofia da moral. Por outras palavras, a moral aplica-se a um determinado grupo social, enquanto que a ética é o que nos diz como viver em sociedade.

Como já dito antes, a ética é o que nos diz como viver em sociedade, e qualquer coisa que não seja ética vai contra algum princípio estabelecido numa determinada sociedade ou cultura, desrespeitando os protocolo sociocultural que está sempre subentendido nos domínios do convívio social. Estas ações podem ser por exemplo: Não respeitar as leis que sejam justas; Quando alguém não procura agir com justiça; Alguém apropriar-se, indevidamente, do que não é seu; Prejudicar os outros de forma deliberada e ou Despeitar o convívio social.

Enquanto seres sociais vivemos numa sociedade, porém os termos de conduta deste grupo poderá variar consoante a sua cultura. Esta sociedade fornece-nos a base para uma ética e obriga-nos a expandir a conceção de comunidade moral. Podemos nós diferenciar várias éticas? Sim, pois temos algumas já presentes na história da filosofia a começar pela ética deontológica, consequencialista, a ética presente na política/direito e a ética utilitarista. Assim, como uma comunidade moral temos o dever de avaliar todos os interesses de forma igual não nos limitando a pessoas num determinado local, nem numa dada época. Logo como deres sociais que vivem numa comunidade global se universalizarmos os juízos éticos e igualarmos entre todos os seres humanos somos obrigados a promover imparcialmente o bem-estar de todos os habitantes do planeta.

A ética na filosofia clássica abrangia diversas outras áreas de conhecimento, como a estética, a psicologia, a sociologia, a economia, pedagogia, política, e etc. Com o crescimento mundial e o início da Revolução Industrial, surgiu a ética na filosofia contemporânea. Diversos filósofos como Sócrates, Aristóteles e outros, procuraram estudar a ética como uma área da filosofia que estudava as normas da sociedade, a conduta dos indivíduos e o que os faz escolher entre o bem e o mal.

A Ética de Aristóteles procurou responder às seguintes perguntas: quais os verdadeiros bens da vida e como classificá-los hierarquicamente? Como devemos viver? De acordo com a tradição ética grega, os verdadeiros bens da vida são aqueles que trazem a verdadeira eudaimonia, sendo que o bem mais perfeito é aquele que traz a mais perfeita eudaimonia.

Sócrates tinha por visão o objetivismo. Para ele existia uma verdade universal e para se descobrir essa verdade era preciso ter uma vida moral, podendo-se ver isso através das Virtudes antes mencionadas. Por essa razão, Sócrates criticou grandemente os filósofos sofistas, em que tinham uma filosofia ética totalmente contrária a de Sócrates. Se por exemplo fosse pago aos sofistas que afirmassem que uma coisa era verdade, mesmo que não fosse, eles o fariam, pois acreditando em verdades relativas, tudo que se afirmasse estaria correto. A base da ética socrática é o autoconhecimento. É poder se conhecer subjetivamente a ponto de conseguir entender e praticar a verdade objetiva. Sendo assim, defendia a frase: “Conhece-te a ti mesmo”.

As estruturas e propostas éticas que surgiram depois do iluminismo foram buscar inspiração na ética clássica. Como podemos observar nos domínios da filosofia atual, destacam-se três escolas éticas: a ética deontológica, a ética consequencialista, e a ética presente na política/direito e a ética utilitarista defendidas por filósofos diferentes. O filosofo Kant com o seu imperativo categórico (imperativo porque ordena e categórico por oposição a hipotético ou condicional) fez com que a ética deontológica ganhasse uma particular expressão. A ética deontológica kantiana valoriza primeiramente o conceito de dever e só posteriormente o conceito de bem e as consequências das ações. Significa, portanto, que os juízos morais da ação humana não têm como justificação a obtenção de bons resultados ou a sua utilidade. Essa lei fundamental assegura a sua universalidade pelo seu carácter formal e não se faz depender de qualquer fim concreto ou empírico. Kant enunciou-o deste modo: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”.

Ao contrário do utilitarismo, que considera as consequências das ações para determinar a sua validade moral, Kant defende que é na intencionalidade do agente, na vontade consciente e boa, que encontramos o fundamento para a moralidade. A ação boa é aquela que resulta da ação boa, uma intenção boa resulta da vontade de um agente que sabe o que deve fazer. No entanto nem todas as ações decorrem de boas intenções. Por isso Kant distingue três tipos de ações: Ações contrárias ao dever- são ações que violam a lei e não cumprem o dever, como por exemplo mentir; Ações meramente conformes ao dever- são ações que cumprem o dever, não por respeito puro ao dever, mas porque o agente pode retirar algum benefício pessoal, e estas são ações movidas pelas inclinações sensíveis; Ações realizadas por puro respeito pelo dever- são ações que cumprem o dever porque assim o dever o indica. O único motivo da ação é o cumprimento da lei moral. São ações que decorrem exclusivamente da exigência puramente racional.



A ética utilitarista de John Stuart Mill defende que o que faz com que as nossas ações valham a pena, isto é, o que faz com que elas sejam boas ou moralmente corretas é a possibilidade de contribuírem para a nossa felicidade. A felicidade identifica-se com o estado de prazer e a ausência de sofrimento. As ações que dão origem ao sofrimento não são úteis, porque não trazem nenhum benefício.

A utilidade resulta da possibilidade de o indivíduo alcançar o seu bem-estar ou felicidade, logo, ações sem utilidade não serão boas ou legítimas, o que permite definir se uma ação é boa ou má não o sabemos antes da ação se concretizar, mas podemos durante o processo deliberativo que o antecede, refletir consciente e imparcialmente sobre as consequências que a realização de uma dada ação pode trazer não só para o agente, mas para todos os que possam ser afetados por ela. Assim, se as consequências forem positivas então as ações serão boas, se as consequências forem negativas então a ação será má. Portanto, a moralidade das ações depende das vantagens e desvantagens que os seus efeitos comportam, esta ideia traduz-se no consequencialismo utilitarista.

Segundo Mill, o ser humano é dotado de um sentimento natural que o leva a cooperar com os outros- a simpatia social- o que os une. Os indivíduos reconhecem que seria prejudicial a eles próprios não terem em conta os outros, isto é, o bem-estar geral. Neste sentido, adotar o Princípio da Felicidade para o maior número implica a escolha racional e imparcial de possíveis ações que promovam o melhor para todos.

Em suma, para Mill, ações moralmente corretas são ações que têm boas consequências, ações que respeitam o princípio da utilidade, ações que contribuem para o aumento da felicidade do maior número possível de pessoas afetadas, de uma forma justa e imparcial. Já as ações moralmente incorretas são ações que têm más consequências, ações que não respeitam o princípio da utilidade, ações cujas resultados levam à infelicidade, ou que não contribuem para a felicidade do maior número de pessoas.



Kohlberg, um professor universitário americano, especializou-se na investigação sobre educação e argumentação moral, sendo mais conhecido pela sua teoria dos níveis de desenvolvimento moral.

A intenção de Kohlberg com os dilemas apresentados era analisar as razões apontadas como justificativas da resposta, pois, a análise das razões permitia situar o sujeito em qual estágio do desenvolvimento moral ele estaria. Estes estágios então estariam divididos entre os diferentes níveis:

Nível A, que corresponde ao raciocínio pré-convencional: Estágio 1: Castigo/punição e obediência: neste estágio a criança obedece literalmente a regra, pois a sua interpretação é que, obedecer a autoridade é evitar castigo. Cumpre, portanto, por obediência ao adulto e para não sofrer sanções, nesse caso, o castigo; Estágio 2: Age pelo próprio interesse (individualismo): a obediência consiste em fazer só aquilo que lhe interessa e até na relação com os outros não é movido por respeito ou por lealdade, mas pelo interesse de “uma mão lava a outra”, uma troca de favores.

Nível B, que corresponde ao Raciocínio convencional; Estágio 3: Normas interpessoais: O ponto de vista inclui as perspetivas dos outros e sentimentos compartilhados, que têm precedência sobre os interesses individuais; Estágio 4: Lei e ordem: Quem está nesse estágio realmente acredita que a lei, a ordem social, a justiça e outros valores são reais, são partes do gênero humano, neste sentido o correto é cumprir seu dever na sociedade, preservar a ordem social, e manter o bem-estar da sociedade ou do grupo.

Nível C, que corresponde ao Raciocínio pós-convencional; Estágio 5: Direitos básicos e contrato social: Quem está neste estágio tem que visão que no mundo as pessoas são diferentes, têm opiniões, direitos e valores também diferentes e o correto é apoiar os direitos, valores e contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito com as normas concretas do grupo. Estágio 6: Ética e princípios universais: a pessoa desenvolve um padrão moral baseado nos direitos humanos universais. Quando confrontado com um conflito entre a lei e a consciência, a pessoa seguirá a consciência, ainda que esta decisão envolva risco pessoal. E tem a capacidade de ver-se no lugar do outro.

Kohlberg acreditava que estes níveis e estágios ocorrem numa sequência: (1) Antes dos nove anos, a maioria das crianças seguem caminhos pré- convencionais (nível 1); (2) Na primeira adolescência, eles raciocinam de uma maneira mais convencional (nível 2). A maioria no estágio 3, com apenas sinais dos estágios 2 e 4; (3) No início da fase adulta, um pequeno número de indivíduos arrazoam (raciocinam) de maneira pós-convencional.


Tese adotada:

A ética está em falta nos dias atuais devido ao seu desuso e existe algo que podemos mudar para combater isso.


Fundamentação:

Sempre me encontrei perdida nos pensamentos relacionados com as ações das pessoas em minha volta, defendendo os meus direitos e olhando para o outro como um meio de mostrar quais as ações que gostaria de ter para comigo.

Nestes tempos de pandemia foi onde consegui abrir mais a minha mente para o exterior e observar que o humano, como membro de uma sociedade, não age como devido para com o resto dos membros. Vemos todos os dias desrespeito, egoísmo, falta de compaixão e o não cumprimento de regras básicas para a melhoria de toda a vida na terra neste momento que estamos a passar. Além de que sem ser só em termos de pandemia nós vemos isso desde a mais antiga geração que decidiu viver em harmonia com outras pessoas e por isso é que muitos filósofos foram aparecendo com os seus métodos éticos e soluções que sempre atraíram mais objeções que acolhimento.

Eu não entendo a dificuldade que cada pessoa tem na simples ação de ajudar alguém ou de não de desrespeitar. Sei que somos todos diferentes, mas nessa diferença encontramos uma igualdade certa, somos todos seres humanos racionais que deveríamos ter como obrigação e parte do nosso ADN uma estrutura de ações éticas a seguir todos os dias. Ao início poderia custar um pouco, mas quando se tornasse hábito o mundo estaria a um passo de um melhor convívio e segurança na sociedade.

Oxalá talvez um dia a ética de Stuart Mill se torne mais utilizada ou até mesmo a de Kant onde as ações de cada pessoa iriam mudar drasticamente ao encontro de uma ação corretas.


Considerações finais

Escolhi o tema da ética, pois ao ver a situação atual da sociedade encontrei-me a (re)pensar inúmeras vezes sobre ações do dia-a-dia que fogem totalmente ao fundamento ético de cada ser humano, sempre me perguntando qual a solução para obter uma ética universal. A palavra ética tem uma grande dimensão, que abrange várias vertentes e pontos de vista configurados por diferentes filósofos e/ou religiões. Nunca sabendo quais os métodos éticos a seguir por haver vários pontos de vista, senti-me obrigada a abdicar de cada um deles de forma a encontrar o fundamento ético universal.

Procurei estabelecer 3 aspetos em específico que podem ser encontrados na introdução, sendo eles: Motivos pelos quais a ética está em falta; Fatores que influenciam no que é ético; O que podemos mudar?

No primeiro e segundo aspeto podemos concluir que os motivos pela qual a ética está em falta deve-se aos diferentes ponto de vista entre religiões, educações e personalidades que se revelam importantes para o caminho ético onde acabamos por saber que isso é o que realmente influencia no que se torna ético para cada pessoa. No que refere ao último aspeto descobrimos que a real solução para tudo isso seria um adaptação de todos os conceitos éticos para uma universal a que se daria a conhecer como o que realmente é ético.

A verdade é que discutir a ética é entrar num caminho sem fim pois sempre irá existir alguma ação não ética em busca de uma ética. Creio que consegui dar o meu ponto de vista ao longo do trabalho e ter mostrado o que para mim está a afetar a ação correta/ética de todos na nossa sociedade mesmo sabendo que tenho várias limitações devido a cada mente ser uma mente diferente da anterior. O certo para isto seria um questionário geral com mais pessoas para saber outros pontos de vista a se seguir para se conseguir encontrar o ponto final correto.

Aprendi e pretendo mostrar com este trabalho que a ética parte de nós e que tudo se baseia em ações e uma mente aberta, vi vários pontos de vista filosóficos e consegui assim obter o meu. É um trabalho acessível para todos e penso que seria bem importante cada um colocar-se no lugar do outro antes de cada ação, levando assim as minhas palavras em frente na sua vida.

Afinal uma coisa todos devemos saber e passar por geração, “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro" frase tal dita pelo filósofo inglês Herbert Spencer.


Fabiane Souza Nº10 11ºCT3


Feedback Qualitativo:

Introdução: ****

QRT: ***(+)

Considerações Finais: ****

 
 
 

2 Comments


Turma 11CT3
Turma 11CT3
Jun 08, 2021

Fabiane: Aborda um tema filosófico por excelência; Explora diferentes filósofos e doutrinas filosóficas; A linguagem é clara mas nem sempre é objetiva; Encontram-se erros ortográficos e gralhas de formatação do post, bem como a nível da construção frásica; As imagens são a adequadas apesar de não terem legenda nem estarem identificadas as usas fontes; Há imagens que deveriam estar mais focadas, ainda assim, estas são um importante papel na caracterização e da personalidade do trabalho; A tese adotada não segue a temática que é enunciada na introdução nem no QRT; A tese não é clara e levanta problemas no que refere ao modo como está formulada; A argumentação da tese está muito incompleta. Carlos GAspar

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Francisca Lopes
Mar 23, 2021

Escolha inteligente do tema apesar de ser difícil debater sobre ele, introdução muito bem conseguida pois capta a atenção do leitor e tem discurso rico e bem colocado. Explica significativamente bem o porquê de ter escolhido este tema o que torna este ensaio muito mais pessoal e cativante. Tese por sua vez bem fundamentada com vários exemplos que ajudam na compreensão deste importante tema a "Ética". Faz questões muito interessantes e apelativas que devem ser respondidas urgentemente, estas perguntas fizeram com que eu tivesse ainda mais vontade de ler o texto de forma a obter uma resposta dada pela mesma e a sua perspectiva perante este assunto. "Acredito que ao longo do tempo, como ser humano possa aprender a respeitar…

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