Educação sexual- A informação é a chave.
- Turma 11CT3
- 16 de fev. de 2021
- 18 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2021
Introdução:
Ao nos ser proposto a escolha de um tema para a realização de um trabalho no âmbito da disciplina de filosofia, decidimos então e depois de alguma reflexão, optar pela escolha de um tópico relacionado à educação e sexualidade.
A sexualidade humana sempre foi uma questão desafiadora dentro da sociedade principalmente no que diz respeito às crianças e adolescentes, por isso, houve a necessidade de trazer questões como: Até que ponto a educação sexual é importante para crianças e adolescentes? É importante abordar esta temática nas escolas ? Como a informação poderá evitar muitos dos problemas relacionados com a sexualidade? Desde que idade devemos dar a conhecer aos nossos filhos esse tipo de assuntos? Até que ponto é importante falar de orientação sexual? Os pais e a sociedade em geral podem influenciar o que as crianças pensam sobre sua própria sexualidade? Entre outras, que serão debatidas e objeto de reflexão .
Antes de começarmos uma pesquisa mais aprofundada sobre estas questões queremos referir que com este projeto, pretendemos expandir o nosso leque de conhecimentos e acabar este ensaio mais instruídas em temas como este que cada vez mais importam, e sendo nós a geração do presente e do futuro, é importante termos mais informação para não cometermos os mesmos erros que as gerações anteriores. A informação e a curiosidade são a chave do conhecimento. É preciso compreender o que se entende por orientação sexual e sexualidade sendo que uma parte das instituições educacionais entende esta questão como um tabu.
A realidade é que a sexualidade quer queiramos quer não, faz parte do dia a dia de todos os indivíduos, embora muitas vezes mal resolvida, sendo que não a pudemos ignorar ou deixar de mencionar.
Quando se aborda a sexualidade com adolescentes, observa-se uma infinidade de ideais, perturbações, expectativas e dúvidas que são manifestadas ao longo desta etapa da vida, e é por experiencia própria que o dizemos . Tendo nós 17 anos, lidamos muitas vezes com questões ligadas a esta temática e na maioria das vezes não da melhor maneira, a realidade é que ainda é percetível que a educação sexual nos dias de hoje, e no nosso pais dito desenvolvido, é muito rara. Na minha vida inteira posso dizer que ouvi uma ou duas palestras sobre preservativos, mas como iremos esclarecer, a sexualidade não abrange só isso mas muitos mais assuntos que consideramos que deveriam ser mais abordados.
O despertar da sexualidade é algo que pode ser emocionante tanto como assustador, algo que se vai construindo e aprendendo, visto que faz parte do desenvolvimento do indivíduo, e chega a interferir com a sua personalidade. Nesta fase da vida são percebidas várias modificações, principalmente as comportamentais, sendo o desabrochar da sexualidade um fator importante que interfere na qualidade de vida dos adolescentes/jovens. Sendo assim porque não debater este tema e dar a conhecer a nossa perceção do quanto uma melhor abordagem por parte das escolas / sistemas educativos e familiares, podia ser uma mais valia para o desenvolvimento desta geração.
Para fundamentarmos a nossa posição iremos então realizar uma pesquisa aprofundada, recorrendo a experiências já realizadas em outros países que consideramos mais desenvolvidos neste tema como a Holanda, Nova Zelândia entre outros, iremos também contra argumentar a visão de alguns políticos brasileiros e portugueses. Para fortificar a nossa perceção iremos realizar um pequeno questionário a alguns conhecidos, para assim termos opiniões de faixas etárias diferentes. Para concluir iremos também perspetivar a educação sexual no domínio da ética sexual, liberdade e autonomia, com perguntas como: De que forma é possível a sexualidade ser trabalhada na escola a partir de uma ética como prática da liberdade? Como poderia um trabalho de educação sexual produzir reflexão e autonomia?
Esperemos então com este ensaio filosófico informar-vos da melhor maneira possível sobre estas questões.
Quadro de referência teórico

Antes de tudo é importante salientar e explicar no que consiste a educação sexual, que pretende ensinar e esclarecer questões relacionadas á sexualidade, livre de preconceito e tabus. Queria então desde já reforçar esta ideia de educação que se caracteriza por dois tipos: a educação sexual formal e a informal. A informal consiste num processo global, abrange toda e qualquer ação exercida sobre o indivíduo na sua vida, desde o seu nascimento, e que tenha alguma repercussão ou influência, direta ou indiretamente, sobre a sua vida sexual. Já a educação sexual formal é aquela deliberada e institucionalizada, ou seja, realizada dentro ou fora do espaço escolar. É importante destacar também de que todos podem ser educadores sexuais tanto os pais como os professores e a comunidade em geral, muitas das vezes não conscientes disso, uma vez que, no contato com crianças e jovens, acabamos por passar informalmente, várias, mensagens sejam estas implícitas ou explícitas, sobre a sexualidade, contribuindo para que os educandos construam as suas ideias, os seus valores e os seus sentimentos em relação à mesma.
A Educação Sexual deverá ser perspetivada no domínio mais amplo da Educação para a Saúde e Bem Estar, tão importante como outras demais áreas referenciadas, entre as quais alimentação adequada, prevenção de dependências químicas, pelo que não faz sentido protelar este desafio. Deve questionar-se igualmente, a capacidade que esta terá para produzir alteração de comportamentos nos jovens, no que respeita à sua vivência da sexualidade. Apesar de cada vez mais se reconhecer a importância na educação integral dos alunos, o facto é que a abordagem que os alunos têm acerca desta temática é muito reduzida. Assim não podemos descurar o papel dos pais, da escola e dos professores como agentes educativos importantes nesta área.
Sendo esta uma temática tão importante, até a ONU ( Organização das Nações Unidas), já abordou esta problemática evidenciando que a mesma está ligada à promoção dos direitos humanos das crianças, o direito á saúde, educação, e à não descriminação. Esta organização passou também a explicar que a ES trata-se de um programa de ensino sobre aspetos cognitivos, físicos e emocionais tanto como sociais da sexualidade, com o objetivo de incentivar crianças e jovens com o conhecimento necessário e valores que os ajudem a vivenciar a sua saúde, bem-estar e dignidade e também a desenvolver relacionamentos sociais tanto como sexuais com respeito além de ajudar na perceção de como os seus atos ou ações podem afetar o seu bem estar e o dos outros.
Mesmo com todo este discurso, a importância que o governo dá à institucionalização da educação sexual nas escolas é quase nula, ficando assim aquém da necessidade dos indivíduos.
Para vos por a pensar, e dar-vos a conhecer o nosso ponto de vista é preciso que entendam a realidade dos dias de hoje. Cada vez mais são discutidos tópicos relacionados á sexualidade, e com o acesso às redes sociais é ainda mais percetível.
Todos os dias são publicadas histórias, histórias essas que não nos podem passar ao lado , estas histórias falam de mulheres que ou foram violadas, assediadas, desrespeitadas, abusadas e agredidas. Para ser exata 97% das mulheres seja de que idade forem já passaram por uma destas experiências, e infelizmente nem eu nem a minha colega pertencemos a esses 3% . Somos nós mulheres as nossas mães, primas e se não for nada feito também as nossas filhas. É importante ser ensinado aos jovens e crianças que devemos respeitar ambos os sexos tanto como promover a igualdade, explicar também oque é o respeito, pois ainda parece existir muita gente que desconhece o seu significado. Educar é a nossa arma para um futuro
melhor.
Cada vez mais são denunciados casos onde há sexo não consentido por um dos parceiros, e ainda parece haver muitas dúvidas no que é realmente o consentimento. Por outro lado conseguimos perceber fora do nosso circulo de conhecidos, que ainda existe muita falta de amor e respeito por terceiros, seja por ter um orientação sexual diferente dos demais, ou mesmo por apresentarem características diferentes sejam raciais ou culturais onde os valores da cidadania parecem não existir.
Para não falar dos casos mais conhecidos de gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis, onde apesar de eu considerar que muitos de nós temos a informação necessária para mantermos relações sexuais com segurança, os números desses mesmos casos continuam elevados.
Quero também referir que a pouca informação poderá levar à morte, ainda no outro dia li um artigo onde uma rapariga tinha morrido pois era obrigada a tomar a pilula do dia seguinte sempre e após as suas relações sexuais, obviamente sem noção das consequências que esta lhe podia trazer. Infelizmente temos também conhecidas nossas que já sofreram das consequências desse método. Este é uma bomba para o organismo da mulher com todos os efeitos agressivos e riscos, pois altera o processo de ovulação, podendo provocar também infertilidade para toda a vida. Esta pilula está à venda em todas as farmácias e toda a gente consegue comprar uma, sendo assim deveríamos ter sido informados sobre as suas consequências mas eu em particular só soube destes casos pois pesquisei sobre o tema.
Apesar de muita gente concordar com a existência da ES na vida dos jovens e crianças, há muitos argumentos contra e até de pessoas com bastante influencia como o presidente do brasil, que acredita que a escola não deve tratar de temas relacionados à sexualidade por não haver um consenso em relação ao assunto, este acredita que como a maneira que a sexualidade é vista diverge de pessoa para pessoa, de acordo com a sua cultura ou religião então a educação necessária deve ser dada em casa de acordo, e da maneira que o educando desejar, mas no entanto 2,5 crianças em 5 não falam sobre a sexualidade com os seus parentes. Além de que será correto pedir a alguém que não tem a informação necessária e não é profissional nessa área para falar deste assunto? Sendo que não o fazemos com outros temas de igual importância? Até porque muitas famílias podem também se sentir despreparadas para atender as exigências dos filhos por se sentirem incapazes intelectual e emocionalmente para os orientar, conduzir, informar e direcionar sobre a sexualidade e sobre as suas dimensões. Não decorando o papel da família que também será muito importante para o desenvolvimento dos ideais de qualquer sere humano.
Neste sentido, é preciso que tanto os adolescentes e mesmo os pais ou familiares compreendam e vivenciem esta fase valorizando os seus conhecimentos, a sua história e suas crenças para que tomem consciência de que a família também é um espaço essencial na formação destes indivíduos e na perceção do que é a sexualidade, mas para isso é necessário que se crie um ambiente de confiança, que em muitos casos não existe.
Outros argumentos descritos são por exemplo a Erotização infantil. A realidade é que muita gente apoia este argumento acreditando assim que as crianças/jovens não devem ser expostas a imagens de partes intimas e outras consideradas eróticas, acreditam assim que a ES só os irá acabar por influenciar a terem relações sexuais. Mas a realidade é que se formos a ver as mesmas pessoas que utilizam argumentos como estes permitem que os seus filhos acedam à internet muitas das vezes sem as restrições necessárias, e em média, de acordo com estudos, crianças com 12 anos começam a ver pornografia seja por sua vontade ou por pressão de amigos, pornografia esta que normaliza a traição, o abuso sexual, violência às mulheres, homem no papel de mais poderoso, escravidão sexual, objetificação da mulher, pedofilia, fetiche pela virgindade feminina, uma imagem errada de como é perder a virgindade, uma ideia errada do que é o orgasmo feminino, uma perceção abstrata de como é o corpo da mulher, entre outras. Estas que são ideologias e valores contrários aos que a Educação Sexual quer transmitir.
Assistir um vídeo pornográfico pode até parecer um gesto inofensivo, algo só para o entretenimento e prazer. Mas, não é. A pornografia afeta o sexo em tudo, sobretudo na visão que os mais novos têm sobre a sexualidade. Quando falamos que a indústria da moda influencia a nossa roupa, todos concordam, mas quando dizemos que a indústria do sexo influencia na nossa vida sexual, as pessoas dizem que não. Mas, sim. Os padrões da sociedade, do que é o ato sexual foram moldados pela indústria pornográfica, e vão continuar a ser se não for dada a educação necessária aos jovens de hoje em dia, pois queiramos ou não, são o futuro.
E infelizmente os dados apontam, 90% das crianças e jovens dos 8-16 já assistiu pornografia. Quando estávamos a fazer a pesquisa encontramos um artigo que dizia que a pornografia é a teoria e a violação a prática e não podia estar mais de acordo, nesse artigo achei este comentário particularmente interessante :" Quando comecei a atuar como psicoterapeuta há cerca de 30 anos — respondeu —, comecei a tratar pacientes que tinham sido vítimas de violência sexual, e senti-me particularmente tocada pelos danos que a violência sexual nelas tinha causado. Depois de mais ou menos 10 anos atuando na área […], finalmente percebi que jamais tinha tratado um único caso de violência sexual que não envolvesse pornografia… Alguns casos eram de violação, outros de incesto, outros de abuso infantil.." oque consideramos um abre olhos.
Sendo que claramente não está nas nossas mãos acabar com este tipo de conteúdos , é importante arranjarmos outra abordagem para assim conseguirmos educar as gerações futuras.


Ética como prática da liberdade
A polémica desta temática encontra-se também no facto de muita gente pensar que a existência da ES nas escolas poderá influenciar os alunos com ideologias, crenças ou valores morais e éticos do próprio educador ou do sistema educativo em questão.
Nessa perspetiva, podemos questionar-nos sobre a ética do professor e das escolas que trabalham com educação sexual. No nosso trabalho queremos também pensar quanto á possibilidade de questionar a ética como uma prática de liberdade e autonomia, sendo assim não esteiremos presas a parâmetros colocados por regras rígidas de moral ou princípios transcendentes de ética. Na educação sexual, e no campo da sexualidade são inúmeros os preceitos éticos e morais já instituídos , que regem muita da nossa conduta. Estes dizem aquilo que devemos fazer e oque não devemos fazer.
Como seria de esperar nas escolas estes conceitos acabam por reger os trabalhos de ES, no entanto se isso acontecer, se apenas nos baseássemos por preceitos rígidos , não haveria espaço para a AUTONOMIA e LIBERDADE. Muitas são as questões , na sexualidade , que se fossem dadas como certas , não dariam então oportunidade ao sujeito de pensar por si, seriam preceitos adquiridos. E não é oque pretendemos de todo ao promover neste tipo de ensino. Não deveremos de maneira nenhuma impor aquilo que o educando deve ou não fazer, mas sim, o pretendido é fazer com que se questione , que reflita sobre as suas ações e o seu impacto.
Yves de La Taille argumenta acreditar que o princípio do respeito mútuo seria suficiente. De seguida muitos outros decorreriam, como o da não violência, do cuidado com o próprio corpo e do parceiro, do cuidado com o prazer, da igualdade de condições a homens e mulheres, da responsabilidade perante um possível filho. Consideramos que o princípio do respeito mútuo é desejável e deveras importante, mas a realidade é que são muitos os problemas que atravessam este campo, e há factos que são necessários serem transmitidos, tanto como situações e histórias, relacionadas com os fatores que a sexualidade abrange para que assim encorajar os alunos a debater acerca de decisões e escolhas a serem feitas. Os alunos não podem ser assim submetidos a uma coerção ou obediência absoluta, tendo assim de ser livres e ter uma margem de escolha.
Assim se a ética é uma prática refletida da liberdade, logo, trata-se de exercitar tal prática em relação às questões tratadas nestas aulas.
A escola deste modo deverá proporcionar aos alunos uma constante atitude critica, esta será um importante fator no que diz respeito á formação de crianças e jovens. Ao ser levantada a questão "Como deve agir?", as escola deverá sim também dar as bases para o individuo refletir e assim tomar a decisão que o mesmo pensar ser a melhor possível, neste caso, no que diz respeito a assuntos relacionados à sexualidade.
Apresentação e discussão dos resultados:
Para termos a perceção da opinião que diferentes pessoas de várias idades e géneros têm sobre esta temática decidimos realizar um pequeno questionário a alguns conhecidos.
Os resultados que em seguida se apresentam de uma forma sumária, foram obtidos através da aplicação, online, de um questionário realizado a aproximadamente 200 indivíduos de ambos os géneros. A amostra foi de conveniência pelo que os resultados que se obtiveram não poderão ser generalizáveis nem a outras populações, nem a outras culturas. Os resultados serão apresentados por questão, correspondendo, sempre que possível cada questão (ou conjunto de questões) a uma categoria indutiva de análise.
Após uma análise rigorosa das respostas apresentadas, mais propriamente 207, podemos concluir que a idade mais frequente é 16 anos. As respostas são dadas por indivíduos inseridos numa classe etária dos 14 aos 47 anos. Apesar desta disparidade, nós gostaríamos de ter tido respostas de faixas etárias entre os 50 -70 mas infelizmente não foi possível. Os inquiridos que participaram neste questionário são maioritariamente do género feminino apresentando um universo de 65,6% que corresponde a 141 participantes de 215, e obtivemos um valor de 34,4% do género masculino com 74 respostas de 215.
Quando procurámos conhecer a perspetiva dos participantes sobre se consideram importante que a escola aborde assuntos como a sexualidade ou esse tipo de temas devem ser vinculados em casa, uma pequena percentagem dos participantes escolheu esta opção. Assim, obteve-se o resultado de 1,9% que corresponde somente a 4 respostas de 215. Cerca de 97,7% ou 210 de 215 participantes afirmaram que é importante que este tema seja trabalhado nos estabelecimentos educativos

. A maioria escolheu esta opção, o que revela uma certa preocupação e interesse, bem como o reconhecimento de que a escola deve ter um papel determinante na preparação dos indivíduos para a vida, não apenas dando conhecimentos curriculares, mas ajudando a esclarecer e clarificar dúvidas que, de outro modo, provavelmente continuariam sem resposta. Apenas 0,5% ou seja uma pessoa considera que não é importante falar dobre este assunto. Percentagem que pensamos ser bastante positiva tendo em conta a mensagem que pretendemos passar.
Quando perguntámos se os pais abordam ou alguma vez abordaram este tema, ou se costumam falar de sexualidade com os vossos filhos, 57,5%, ou seja, a maioria dos indivíduos em estudo já abordaram ou abordam este tema com os seus pais/filhos, porém não se trata de uma abordagem percentualmente significativa uma vez que 42,5% dos participantes afirmam que não abordavam ou nunca abordaram este tema com os pais/filhos. Esta é uma opção compreensível, pois apesar de ser importante conversar com os nossos familiares acerca de assuntos tão importantes para o futuro, existem famílias ou membros familiares que não se sentem confortáveis a abordar o tema da sexualidade.
Para a maior parte dos participantes a idade mais apropriada para se falar acerca deste tema é os 14 anos, porém, esta pareceu-nos ser das questões mais controversas, felizmente também iremos aborda-la seguida do nosso ponto de vista.
Fica claro que, para os inquiridos, falta de informação pode trazer alguns problemas para a vida dos indivíduos. Os problemas que são identificados são: a) as doenças sexualmente transmissíveis (73,6%) com identificadas por 159 pessoas; b) a gravidez precoce (69%) sublinhada por 149 participantes; c) o Bullying pela não aceitação de pessoas com uma orientação sexual diferente dos padrões impostos (62%) referidos por 134 indivíduos; d) o abuso sexual (47,7%) apontado por 103 participantes; e, e) o Slut-shaming (36,6%) destacado por 79 dos participantes. Um total de 5 participantes(2,3%) referiu-se a outros temas não tendo procedido à sua identificação.
Ficou patente também que a sexualidade não está exclusivamente associada ao ato sexual, sendo que a maioria dos indivíduos respondeu "Não" à questão "Vocês relacionam a sexualidade exclusivamente ao ato sexual?", 82,6%, ou seja, 123 dos 149 indivíduos escolheram esta opção. Mas tendo 17,4%, ou seja, 26 dos 149 indivíduos escolheram a opção" Sim", fica claro que existe ainda uma parte que o faz.
Acabamos por questionar também , que outras questões relacionam com a sexualidade e que acham importantes serem vinculadas desde pequenos, ao que obtivemos respostas muito interessantes como: “Funcionamento do sistema reprodutor, o que é prazer, como respeitar o sexo oposto e conhecer limites, planeamento familiar e como se proteger contra doenças e gravidezes precoces, a normalização de que virgindade é um conceito abstrato, a normalização de que não existe uma idade definida para o despertar sexual (pode ser aos doze como pode ser aos 40 e isso não é um problema), a normalização da diversidade de géneros e orientações sexuais e a normalização geral do tema em questão para que não fosse tabu nem algo vergonhoso. E “Aceitação do nosso corpo e do prazer, desenvolver atitudes não sexistas, não descriminação face às orientações sexuais e desenvolver a capacidade de tomar decisões e de recusar certos comportamentos quando não os desejamos.
Quando questionamos sobre oque pensavam da existência , na escola, de uma disciplina direcionada apenas a esta temática adquirimos respostas como “Concordo a 100% acho que quanto mais falarmos melhor! Alguns dos adolescentes de hoje além de terem a mente muito fechada em vários assuntos sobre a sexualidade tiram muita informação da net o que está errado porque nem tudo o que se encontra na internet está completamente certo. E “Já existe uma disciplina que aborda esta temática, a formação cívica, mas cabe aos professores responsáveis por lecionar esta matéria mas muitas vezes eles acabam por passar ao lado e não falarem no assunto. Eu acho que devia ser obrigatório e não só escolha do professor, assim como nessas aulas deveria intervir algum médico/especialista.”
Ao tentarmos perceber a perspetiva dos participantes quanto à abordagem da orientação sexual e comunidade LGBT na ES, 94,6% consideraram importante , o que consideramos excelente pois é bom observar a mudança de uma mentalidades e uma maior aceitação. E 5,4%, ou seja, 4 pessoas votaram que não consideravam importante abordar temas como a orientação sexual e a comunidade LGBT.
Quando procurámos saber se os participantes já teriam presenciado alguma situação de discriminação por conta da orientação sexual da vitima , a maioria (72,35%) respondeu "sim" , o que já estávamos a espera, assim sendo é claramente importante educar os jovens de hoje para que no futuro consigamos baixar estes números. Apesar de corresponder à minoria(27,7%), responderam que "não", é agradável saber que parte da população em estudo nunca presenciou nenhuma situação de discriminação.

Depois de analisarmos todos os resultados chegámos à conclusão que muita gente partilha da mesma visão que nós, oque já por si é um bom ponto de partida. Mas como já prevíamos houveram algumas respostas dispares no que toca à idade em que as crianças devem começar a lidar com informação relacionada à sexualidade, onde obtivemos idades que se situavam entre os 4-17 anos.
Para tentarmos explicar a nossa perceção de como e partir de que idade este tópico deveria ser inserido na vida das crianças, vou passar a dar o exemplo da Holanda, um país que considero estar muito acima de nós no que trata a esta temática, onde a sexualidade é vista como algo completamente natural e saudável, ao contrário de Portugal onde há uma visão restrita e vazia da mesma, uma visão que é possível observar nas redes sociais onde as discussões e debates mostram muito a intolerância e a falta de respeito que muitos dos nossos jovens ainda demonstram quando é mencionado o tema da orientação sexual por exemplo.
Na Holanda a aplicação de programas de educação sexual é compulsória em todo o país. Neste pais e em outros como a Bélgica e a Nova Zelândia, a educação sexual é obrigatória desde os 4 anos de idade , ou seja quando a criança entra na escola começa logo a aprender sobre a sexualidade, porém e obviamente com abordagens diferentes de acordo com sua faixa etária. Nestas aulas os alunos aprendem que a sexualidade não tem só haver com o ato sexual em si, mas abrange muitos mais assuntos como a perceção da sua autoimagem, como ter relações intimas com respeito e proteção, uma melhor visão do que é a sexualidade que esta não se trata apenas de prazer físico, os papéis que são atribuídos aos géneros, a diversidade sexual, as diferentes orientações sexuais, os direitos que cada um tem sobre o seu corpo, como os nossos atos podem afetar o bem estar de terceiros entre outras.
Um argumento válido para a criação desta matéria é: se todos os jovens irão , querendo ao não, passar pela descoberta da sexualidade então que o façam com o tipo correto de informação e que sejam bem acompanhados.
Por toda a imagem que foi criada por trás da palavra "sexualidade" no nosso pais e em muitos outros, não cabe na cabeça de muitos pais deixarem que os seus filhos de 4, 5 , 6 anos aprendam sobre a mesma, mas a realidade é , e como um velho ditado português diz, "É de pequenino que se torce o pepino". Este ditado não podia estar mais certo, e a realidade é que depois da implementação desta matéria, e ao compararmos os jovens de Portugal com os da Holanda, verificamos que os holandeses têm a sua primeira experiência sexual muito mais tarde e estas por mais louco que pareça são vistas como divertidas e planejadas, ao contrário da realidade Portuguesa onde muitos dos nossos jovens afirmam que preferiam ter esperado mais e que se arrependem. Pudemos também verificar que são um pais com muito mais abertura, onde orientações sexuais diferentes são normalizadas e respeitadas. Outro dos aspetos positivos e agora passando a abordar a saúde, na Holanda a taxa de doenças sexualmente transmissíveis é uma das menores do mundo, tanto como a taxa de gravidez na adolescência.
Depois de alguma pesquisa , encontramos também algumas fichas interessantes, onde crianças podem aprender sobre a sexualidade de acordo com a sua idade e de uma maneira apelativa e divertida:



Porque não tomar estes países como um exemplo a seguir para assim mudarmos para melhor a cabeça das nossas crianças, melhorarmos a sua qualidade de vida, os seus relacionamentos, a maneira como é vista a mulher e o sexo, entre outras. Sendo assim do que é que estamos à espera Portugal?
Considerações finais:
Penso que fica claro para os leitores a nossa posição, a educação sexual nas escolas portuguesas só trará benefícios na nossa perspetiva. São bastantes os problemas associados à sexualidade e todos nós acabamos querendo ou não ter de lidar com eles, somos seres humanos é inevitável.
Seria interessante ver a dinâmica das aulas, onde o tema seria dado por especialistas sem tabus e com a melhor das intenções. No meu colégio antigo havia um projeto que se chamava conhece-te a ti mesmo, onde eram abordados tópicos sobre o abuso em relacionamentos, doenças sexualmente transmissíveis, a puberdade e como lidar com ela, entre muitos outros. E eu pelo menos sentia-me sempre ansiosa por essas aulas pois debatíamos temas interessantes e aprendia coisas que de outra maneira nunca saberia.
Se formos a ver, são tantas as discussões enriquecedoras que a Educação Sexual poderá desenvolver, porque não é só sexo, há tantos outros assuntos ligados à cultura, politica, religião, valores morais, ética, liberdade, direitos humanos, saúde, até pudemos abordar temas sobre a história do mundo. Ainda no outro dia falamos de ES em biologia. A realidade é que este trabalho pôs nos a pensar. Por exemplo , nunca nos tinha ocorrido, mas a pornografia tem um grande impacto nos seus espetadores e na maneira como o sexo é visto. Só este tema dava para mais um ensaio filosófico. Ficámos também a saber mais sobre as dinâmicas educativas de outros países e do seu impacto na sociedade, percebemos também outras perspetivas, outras culturas o que tornou o trabalho muito mais enriquecido e desafiante. Conseguimos também desenvolver debates super interessantes com os nossos familiares, sendo que este tema tem sempre a sua polémica e claro que ainda há muita gente em Portugal a não concordar com a nossa tese.
Ficámos a conhecer muitas iniciativas relacionadas com esta temática como por exemplo:
Apesar de todos estes aspetos positivos, houve uns nem tão bons mas que sempre tentamos ultrapassar. Muitas vezes torna-se difícil escrever as ideias que estão na minha cabeça (ANA), pois não estou tão habituada a escrever como gostaria e algumas vezes não conseguimos expressar por palavras oque realmente pensamos por isso mesmo, mas este trabalho ajudou-nos muito nesse sentido, sendo que sempre procura-mos novo léxico para melhorar o nosso ensaio oque acabou por melhorar o nosso nível de escrita e argumentação.
Ainda sentimos que ficou muito por dizer. Ainda poderíamos fazer imensas páginas sobre a sexualidade , e o porquê de ser tratada como um tabu, será por motivos religiosos? Algum acontecimento histórico? Ainda são tantas as questões que ficam.
É disto que se trata educação deve ser vista desta perspetiva, pornos a pensar a pesquisar a querer saber mais." Educação gera conhecimento, conhecimento gera sabedoria, e só um povo sábio pode mudar o seu destino." - Samuel Lima
Estamos realmente felizes com este trabalho, nos colocou à prova e fez-nos querer saber mais e mais, é isso que nos falta, a curiosidade, essa sede de sempre procurar respostas para as nossas perguntas mesmo que não as encontremos, e este trabalho trouxe-nos isso, e esperemos que de alguma maneira também possa ter trazido aos nossos leitores.
Trabalho realizado por Ana Francisco e Francisca Lopes.
Ana e Francisca: Trata-se de um trabalho bastante extenso e completo. Além da fundamentação teórica do tema aproxima-se de uma análise filosófica e apresenta os resultados de uma investigação prática. As imagens estão contextualizadas mas não possuem legenda nem a sua origem; Há gralhas e problemas sintáticos em algumas frases; A abordagem filosófica deveria ser mais detalhada. [Carlos Gaspar]
Achei muito boa a vossa escolha deste tema! Considero a introdução excelente, porque para além de terem deixado evidentes as questões sobre as quais iriam se debruçar ao longo do ensaio, mostraram como estão abertas à expansão dos vossos conhecimentos, e referiram como isso é importante nos dias atuais.
O discurso é acessível e selecionaram apenas informação necessária, de modo a não deixar o discurso cansativo. Seguiram corretamente a ordem das etapas que um ensaio deve ter de modo a que ele esteja bem estruturado e o finalizaram com um método muito importante- uma recolha de dados. É importante saber a opinião das outras pessoas e assim conseguir tirar uma conclusão mais geral, e com este questionário conseguiram dar resp…